"Os bárbaros recuaram. Por enquanto". Ricardo Noblat
Foto: Alex Silva-Estadão |
Lembra da avenida Paulista, santuário do capitalismo brasileiro com suas agências bancárias, prédios de arquitetura arrojada e as sedes da Federação das Indústrias de São Paulo e do Museu de Arte Moderna?
Ela tinha de ser preservada a qualquer custo do risco de ser agredida por vândalos enlouquecidos. Ou apenas de ser paralisada atrapalhando o tráfico. A Polícia Militar investiu com violência contra quem quis maculá-la na semana passada.
Lembra das balas de borracha, indispensáveis para machucar os mais afoitos? Essas balas não se limitam a ferir. Elas matam também a depender da distância com que tenham sido disparadas e da área do corpo que atinjam.
Por fim, lembra da Polícia de Choque? Aquele contingente de policiais raivosos vestidos de preto, fortemente armados, e que não discutem, espancam? Não raciocinam - cumprem ao pé da letra a ordem recebida?
A passeata desta noite, em São Paulo, foi liberada para atravessar a avenida Paulista ou estacionar por lá se preferir.
Balas de borracha não serão usadas.
A Tropa de Choque ficará recolhida aos quartéis.
Por que tudo isso não aconteceu antes?
Os vândalos viraram pessoas assim de repente?
Ou antes haviam virado vândalos graças à violência aplicada contra eles?
Engane-se quem quiser com o recuo tático dos bárbaros oficiais.
Por: Ricardo Noblat
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